Sob pressão do governo, professores realizam assembleia decisiva nesta segunda

A greve dos professores, que já dura quase 20 dias, chega esta semana a um momento decisivo. As punições prometidas pelo governo de Pernambuco começaram a ser cumpridas e os docentes realizam nova assembleia, nesta segunda-feira (27), no Clube Português, para planejar os rumos do movimento.
Aqueles que aderiram à paralisação começam a sentir os efeitos no bolso. Outros já receberam comunicados informando as transferências das escolas de referência para unidades regular. Com isso, os professores também perdem no salário. Os que lecionam nas escolas de referência ganham duas vezes o salário-base.
A deputada estadual Teresa Leitão (PT), inclusive, entrou com uma representação no Ministério Público do Estado (MPPE) contra o governo estadual por conta das remoções dos professores que participam da greve da Rede Estadual de Ensino.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, explicou que não tem o número oficial de professores que foram afastados, mas disse que foi procurado por cinco docentes.
“Diante disso, nós entramos na Justiça com um mandado de segurança para nos contrapormos às medidas punitivas adotadas pelo governo. Entramos no dia 15, mas ainda não foi julgado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Se essa nossa ação for julgada procedente, todas as medidas punitivas do governador perdem o efeito”, disse o presidente do Sintepe.
Os descontos nos contracheques dos grevistas também já vieram. Não há um valor exato, explica Fernando Melo, o corte depende da quantidade de faltas e da carga horária do docente.
“Já recebi informações de gente que teve desconto de até R$ 1,5 mil, professores da Escola de Refêrencia”, comentou.
O professor Luís Carlos Silva Lins, da Escola de Referência Monsenhor João Rodrigues de Carvalho, em Escada, já viu o desconto no contracheque.
“Venho a público denunciar o governador Paulo Câmara pelo desconto de R$ 687 no meu salário do mês de abril, apenas porque exijo um direito previsto em lei, apenas por querer ser reconhecido como profissional”, disse o docente, por e-mail. “Quando estiver fazendo compras, pagando minhas contas, reunido com minha família, lembrarei do senhor, governador”, desabafou.
O calendário de pagamento também sofreu alterações. Docentes que não aderiram à paralisação recebem na próxima quarta (29). Os grevistas só terão o pagamento no dia 5 de maio, após o feriadão, e com os descontos.
DEFINIÇÕES – Questionado sobre os rumos da greve, Fernando Melo antecipou que esta segunda será um dia decisivo. “Vamos avaliar como nós vamos amanhecer, a disposição da categoria e também a participação do pessoal na assembleia”, explicou.
“Porém o sentimento que captamos dos professores até sexta é que existia muita revolta com o governo. Um sentimento de muita força, muita fibra e o pessoal disposto a continuar, porque o pessoal se sente traído pelo governo”, afirmou Fernando.
Para a diretoria do sindicato, não há clima ou motivo para o movimento ser encerrado amanhã. “A gente vai sair pior do que entrou? Entramos para melhorar a situação e não vamos sair pior. Esperamos, com muita sinceridade, que o governo apresente propostas”, disse o representante da categoria.

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